23 outubro 2010

A Educação e a Emergência de Múltiplos Paradigmas

Sou fã de Mario Sérgio Cortella. Que homem inteligente!!





Mario Sergio Cortella (ca. 1954) é um filósofo brasileiro, mestre e doutor em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, onde também é professor-titular do Departamento de Teologia e Ciências da Religião e da pós-graduação em Educação (Currículo), além de professor-convidado da Fundação Dom Cabral e do GVpec da FGV-SP.

Foi secretário municipal de Educação de São Paulo (1991-1992) e é autor, entre outros livros, de A Escola e o Conhecimento, Nos Labirintos da Moral, com Yves de La Taille, Não Espere Pelo Epitáfio: Provocações Filosóficas, Não Nascemos Prontos! e O que a Vida me Ensinou - Viver em Paz para morrer em Paz.

Fez o programa "Diálogos Impertinentes" na TV PUC, no Canal Universitário.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mario_Sergio_Cortella


07 outubro 2010

Onde está a infância?


Onde está a infância??
Parece que hoje as crianças não são mais como as crianças do meu tempo. Tive a oportunidade de brincar na rua, brincar de casinha, escolinha, pique e etc. Eu fui feliz! No meu tempo havia programas infantis de criança para criança. No meu tempo, eu fui criança!

Não quero ser saudosista, longe de mim! O que eu observo é que a adolescência começa a cada dia mais cedo. Quero que você cite, trabalhos voltados para a criança que atinjam as grandes massas! Vamos lá, vamos tentar!

Difícil! Se você perguntar para uma criança pequena, a música que ela gosta, talvez diga a você, Justin Bieber, Restart ou até mesmo um pagode ou um funk proibidão e isso é muito triste! O comércio descobriu que ser teen dá dinheiro!

Temos excelentes músicos que fazem trabalhos voltados para criança, é o caso do maravilhoso Palavra Cantada, mas infelizmente a maioria da população nunca nem ouviu falar! Somente os pais mais esclarecidos procuram músicas de qualidade para seus filhos. Tem a oportunidade de levá-los a shows, eventos, teatro. Podemos citar outros artistas como Bia Bedram e os trabalhos de Adriana Partimplim e o "Pequeno Cidadão" de Arnaldo Antunes.

Ontem assisti no canal SESC TV o especial: "Era Iluminada- Canções Infantis" com Luiza Possi, Marcelo Pretto, Toni Garrido e Ná Ozzetti, onde interpretam músicas infantis de diversas épocas. Como foi bom, músicas de qualidade! Lamento que as grandes mídias não tem o interesse em divulgar trabalhos assim, então, fica só para a "elite".

Aí eu falo e repito: no meu tempo, eu ouvia MPB4 -"Quem advinha o que é?", ganhei este disco e ouvi até furar!! A trilha sonora do filme "Os Saltimbancos Trapalhões" assinada por Chico Buarque, quer coisa melhor?! "Uma pirueta, duas piruetas! Bravo! Bravo!".
E os especias para a TV? Toda criança ficava acordada até mais tarde para assistir, "Pluct Plact Zum", com nomes de peso, como: Maria Betânia, Eduardo Dusek e Raul Seixas, entre outros; "A Casa de Brinquedos" de Toquinho, "A Arca de Noé" I e II de Vinícius de Moraes, só pra citar alguns. Músicas que cantamos até hoje!

Onde está a infância? Usando roupas, maquiagem como se já estivessem com 15 anos? Vendo BBB, Fazenda e similares? Lendo Capricho e se apaixonando pelos "Colírios"? Na frente do computador? (nada contra, mas com moderação). Onde está a infância?
E aí entra a escola. É dever do professor da Educação Infantil selecionar músicas de qualidade. Mostrar para aquele pequeno, que existe um mundo além do Rebolation. Mas para isso ele precisa também se abrir para o conhecimento e buscar sempre recursos para sua aula que primem pela qualidade.
Foi um desabafo!!

Dayse Malagole






05 outubro 2010

Pequeno Cidadão

Pequeno cidadão, um projeto de músicas de qualidade para crianças.


Leia biografia do Myspace:

"PEQUENO CIDADÃO é um projeto da gente só com músicas pras crianças. As músicas são inspiradas nos nossos filhos, na nossa experiência como pais e também nas nossas lembranças de infância. Os temas são: sapo-boi, lagartixa, chupeta, uirapuru, futezinho na escola, leitinho... e aí vai.... Os shows estão muito divertidos! Nosso primeiro vídeo clipe completo de animação acabou de ficar pronto, é sobre a hora de largar a chupeta! Assista aí acima!!! As camisetas PEQUENO CIDADÃO, de algodão orgânico, são vendidas nos shows. ESTAMOS PRODUZINDO UM DVD DE ANIMAÇÃO COM TODAS AS MÚSICAS E MAIS ALGUNS EXTRAS. VAI FICAR MUUUUUUITO LEGAL!!! "


04 outubro 2010

Limites


Hoje, participei do programa Espaço Feminino da TV Boas Novas. Eu e a Psicóloga Cíntia Ândria de Souza Granato, conversamos com Ana Paula Almeida, sobre a
questão dos limites na educação dos filhos. Para os interessados no assunto, sugiro um livro muito conhecido e que já está na 83ª edição, "Limites sem Traumas" de Tania Zagury. Em breve posto o vídeo do programa.

Para você, pai ou mãe com dúvidas no assunto, abaixo,
uma reportagem da Veja on-line com trechos do livro:


Limites, sim ou não?

Antigamente, ninguém sequer discutia o assunto.

Criança não sabia e, portanto, precisava aprender. E nós, adultos, tínhamos de ensinar. De maneira que, por exemplo, quando o menino fazia algo errado, respondia mal à vovó, agredia um coleguinha ou não queria fazer o "dever de casa" os pais não tinham dúvidas - agiam, corrigiam, "davam castigo" - muitos até batiam!!! (Lá em casa, temos guardada uma aterrorizante e incrível palmatória - que meu marido, um belo dia, conseguiu com a ex-professora primária do
meu sogro, para figurar na sua coleção de antigüidades... com o caráter especialíssimo de ter sido usada no avô dos meus filhos, quem haveria de crer hoje?)

Com as mudanças ocorridas durante o século XX, tanto no campo das relações humanas como no da educação, as pessoas foram aprendendo a respeitar as crianças, entendendo que elas têm, sim, querer (há pouco mais de três décadas
nossos pais diziam com toda segurança "criança não tem querer", quem não lembra?), gostos, aptidões próprias e até indisposições passageiras - exatamente como nós, adultos.

Com isso, sem dúvida, muita coisa melhorou para as crianças - e, claro, para nós adultos também. O relacionamento entre pais e filhos ganhou mais autenticidade, menos autoritarismo. O poder absoluto dos pais sobre os filhos foi substituído por uma relação mais democrática. E o entendimento cresceu... Todos ficaram felizes... Será? Será que as coisas aconteceram assim de forma tão harmoniosa, com todos?

Na verdade, não. Em muitos casos, surgiram problemas, porque ocorreram uma série de enganos e distorções em relação a essa nova forma de relacionamento familiar.

E por quê? Será que essas novas teorias estavam, afinal, erradas? Em parte sim e em parte não. O problema maior que ocorreu - e ainda vem ocorrendo - é que muitos pais estão tendo sérias dificuldades para colo- car em prática essa nova forma de educar, que é de fato muito mais difícil.

Como saber a hora de dizer sim e a hora de dizer não? Aliás, perguntam-se, aflitos, muitos pais, há, de acordo com essas novas teorias, realmente uma hora para dizer não? Negar alguma coisa para os filhos parece um crime, um verdadeiro pecado atualmente, ou, no mínimo, um ato autoritário, um modelo antiquado de educar. Afinal, tantas obras publicadas indicam tudo que não se deve fazer e tão poucas oferecem realmente uma diretriz para clarear o caminho de quem quer bem orientar os filhos...

Muitos papais e mamães ficam em sérias dificuldades ao tentarem colocar em prática aquelas idéias tão lindas que tinham em mente ao iniciarem o longo e delicado caminho da formação das novas gerações: "comigo vai ser tudo diferente; não vou ser igual aos meus pais em nada...", afirmam, convictos. Cheios de boas intenções lá vão eles e... de repente, as coisas deixam de ser tão simples e fáceis. Ao contrário. O dia-a-dia parece se tornar muito, mas muito complicado mesmo. Ai, meu Deus, o que fazer?

Aquele relacionamento ideal, perfeito, em que a mamãe, com todo carinho (e com toda razão), explica (sem nenhum autoritarismo e cheia de compreensão), que aquele cd que o filhinho arranhou, tão inocentemente, tadinho - não era para ser riscado... mas, mesmo com toda conversa, com todo afeto demonstrado e outras tantas racionais explicações, o cd foi arranhado, sim. E não apenas um, mas vários! Explicado assim, com tanto carinho e amor, deveria ter funcionado, afinal usou toda a psicologia, não foi?... Então, o que está acontecendo? Depois de falar, explicar, sorrir, explicar de novo, acariciar, entender, compreender - tudo, tudo, conforme manda o figurino da nova educação - não é que parece que seu doce filhinho não entende o diálogo? Pois, afinal, não se foi para o lixo toda a ma-ra-vi-lho-sa coleção de cds do maridinho?... Como é que pode? E agora?

Onde foi que eu errei? perguntam-se, desesperados, os pais. Afinal, conversam, explicam, não agridem, não impõem, não batem, não castigam... e, no fim, a vida está virando um verdadeiro inferno, quanto mais fazem, mais os filhos querem que se faça, já não sabem mais o que dizer, como agir, estão desesperados! Um belo dia, percebem-se, admirados, a dizer "no meu tempo não era assim", aquela frase odiável que ouviram tantas vezes e, agora, quem diria, eles próprios a estão dizendo, e o que é pior, resolveram "virar a mesa", estão castigando os filhos, berrando, se escabelando, irritados, perdidos...

Parece o fim do mundo? Parece. Mas, felizmente, não é.

Já dizia Aristóteles, um filósofo que viveu muito antes de Cristo, "a justiça está no meio-termo". Ou seja, o que ocorreu foi que, no afã de atender aos reclamos da moderna pedagogia e da psicologia, os pais perderam um pouquinho o rumo - e, sem querer, exageraram na dose - quiseram tanto acertar que, por vezes, erraram. Mas, calma, nada que não tenha remédio! Algumas regras básicas são suficientes para colocar a casa em ordem e a vida em paz!...

E é exatamente o que vamos fazer aqui: explicar com clareza e objetividade como ser um pai moderno - sem perder a autoridade, sem deixar que os filhos cresçam sem limites e sem capacidade de compreender e en- xergar o outro - habilidades básicas e essenciais para quem deseja criar cidadãos, seres humanos capazes de praticar o humanismo com a mesma naturalidade com que respiram!

Para possibilitar o surgimento desse ser humano maravilhoso é necessário que os pais tenham certeza de uma coisa: dar limites é importante. Não pode haver dúvidas quanto a isso. Antes de começar é preciso pensar - e decidir. É fundamental acreditar que dar limites aos filhos é iniciar o processo de compreensão e apreensão do outro (atualmente muita gente acredita que o limite provoca necessariamente um trauma psicológico e, em conse- qüência, acaba abrindo mão desse elemento fundamental na educação). Ninguém pode respeitar seus semelhantes se não aprender quais são os seus limites - e isso inclui compreender que nem sempre se pode fazer tudo que se deseja na vida. É necessário que a criança interiorize a idéia de que poderá fazer muitas, milhares, a maioria das coisas que deseja - mas nem tudo e nem sempre. Essa diferença pode parecer sutil, mas é fundamental. Entre satisfazer o próprio desejo e pensar no direito do outro, muitos tendem a preferir satisfazer o próprio desejo, ainda que, por vezes, prejudique alguém. Porque, afinal, nem sempre o que se deseja é útil e correto socialmente, querem ver?

- Pode morder e arrancar os cabelos do amiguinho só porque ele pegou seu brinquedo favorito? Não, é claro.

- Pode dar vontade de entupir o vaso sanitário da escola com papel higiênico? Não, não pode.

- Pode dar vontade de jogar uma mesa do segundo andar de um prédio, só para ver o que acontece com o chão, lá embaixo? Não, não pode.

- Pode dar vontade de pichar as paredes branquinhas do prédio novo lá da praça? Não, não pode não.

- Pode dar vontade de dirigir, depois de beber duas doses de uísque? Não, não pode.

- Pode dar vontade de correr como o vento na nova bicicleta de vinte marchas e nem ao menos reduzir um pouco, ao vislumbrar uma velhinha atravessando a pista? Não, mas acontece... e a cada dia mais...

- Pode dar vontade de pegar aquela bolsa lindinha e nova que a amiga comprou e levar para você? Também não pode não.

- Pode fingir que não percebeu que a conta do restaurante veio totalizada a menos e não falar nada? Não, não e não!

- Pode dar uma facada na namorada que o deixou por outro? Jamais! Porém acontece!

- Pode dar vontade de jogar álcool no mendigo e atear fogo, só de brincadeirinha? Não, não pode.

Mas só vai responder "não, não pode não" quem desde pequenino tiver aprendido que muitas coisas podem, e muitas outras não podem e não devem ser feitas, mesmo que dêem muita vontade ou prazer. E tudo bem. Somos felizes assim, respeitando e tendo algumas regras básicas na vida. Especialmente se aprendemos a amar o outro e não apenas a nós próprios.

E, nós, os pais, queremos muito ver nossos filhos crescendo no rumo da felicidade, não queremos? Então temos de ajudá-los nisso. Porque ninguém, ao vir ao mundo, sabe o que é certo e o que é errado. O ser humano, ao nascer, não tem ainda uma ética definida. E somos nós, especialmente nós, os pais, que temos esta tarefa fundamental e espetacular - passar para as novas gerações esses conceitos tão importantes e que conferem ao homem sua humanidade.

Então, se estamos todos de acordo, mãos à obra! Vai valer a pena!