20 janeiro 2011

Educação Infantil

13 perguntas e respostas sobre computadores na pré-escola
Por que e como incluir o uso do computador de maneira adequada na rotina da criançada






Por que e como incluir o uso do computador de maneira adequada na rotina da criançada

É cada vez mais presente no discurso dos educadores a ideia de que computador na escola só se for para ser usado como ferramenta pedagógica a fim de proporcionar aprendizagens às crianças. Porém, quando esse é o assunto no currículo da pré-escola, ainda existem muitas dúvidas - inclusive na cabeça dos pais. Será que a máquina é realmente útil ou, no fim das contas, acaba virando mais um brinquedo na mão dos pequenos?

1 Por que os pequenos devem usar o computador?

Primeiro porque é papel da escola apresentar os elementos do mundo em que vivemos e ensinar como interagir com eles. Segundo porque, ao planejar trabalhos com o computador na pré-escola, o educador permite que a turma desde cedo acesse diversas manifestações da linguagem. "O importante é não esquecer de que a tecnologia tem de ser usada para expandir conhecimentos. Não vale usá-la de maneira gratuita", diz Maria Virgínia Gastaldi, formadora do Instituto Avisa Lá, em São Paulo.

2 Qual deve ser o foco do trabalho com as crianças?

Por ser uma ferramenta para ajudar na ampliação dos saberes (e não o objeto da aprendizagem), a máquina deve ser incluída na rotina para a realização de pesquisas na internet, o desenvolvimento de projetos ou para o uso de jogos que tenham como tema algum conteúdo que esteja sendo explorado no momento, dentre outras possibilidades (leia a sequência didática). Não faz sentido reservar um tempo para aulas de informática a fim de ensinar como usar o mouse ou identificar os símbolos. Enquanto praticam a escrita do nome próprio, por exemplo, todos aprendem a operar o aparelho.

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É preciso garantir uma máquina para cada criança?

Não. O ideal é ter uma em cada sala. No caso de existir uma sala de informática ou então somente um aparelho na escola, os educadores têm de organizar um cronograma para garantir que todas as crianças tenham acesso. Assim, a atividade não será encarada como algo que ocorre raramente e, por isso, desperta ansiedade ou então se torna o centro das atenções da garotada. Porém, mais do que isso, a escola tem de se preocupar em integrar a tecnologia à aprendizagem, ou seja, fazer do computador um componente rotineiro para o grupo.

4 E o aluno que nunca teve acesso à informática?

Mesmo para essas crianças, não é necessário fazer uma apresentação formal. O educador é sempre a referência para a turma. Então, basta que, ao começar uma atividade qualquer, ele explique os objetivos e descreva o que está fazendo. A tecnologia faz parte da cultura e a escola é responsável por fazer com que a criançada tenha acesso a ela. "Quem tem o recurso em casa leva para a escola novos elementos e compartilha com os colegas. Quem não tem adquire a chance de desenvolver as mesmas habilidades, passando a fazer parte do mundo digital", explica Camilla Duarte Schiavo Ritzmann, coordenadora pedagógica da Escola Santi, na capital paulista.

5 Os pequenos podem brincar com o computador?

Sim, desde que as brincadeiras não sejam passatempos, atividades que não se refletem em aprendizagens. O educador tem de eleger jogos e programas interativos que agreguem o trabalho com os conteúdos didáticos explorados na pré-escola.

6 Quais as características de um bom jogo online?

Tal como um jogo de tabuleiro, ele precisa desafiar os pequenos a colocar em cena seus conhecimentos, assim como apresentar novas informações para desafiá-los. Modelos que apresentam questões a serem respondidas e depois simplesmente revelam certo ou errado, sem justificativas, por exemplo, não são interessantes.

7 O educador precisa dominar informática?

Não, mas é imprescindível estudar antes o que vai ser apresentado para a criançada, tanto para saber se o material tem qualidade didática como para planejar os encaminhamentos. No caso do uso da internet para fazer pesquisas, é preciso cuidar para que a turma não acesse sites inadequados para a faixa etária ou pouco confiáveis, que podem fornecer informações de qualidade duvidosa.

8 Qual o tempo ideal de uso da máquina por dia?

Não existe uma medida-padrão. O importante é balancear essa atividade em relação a outras típicas da Educação Infantil, como a roda de leitura. Na sala da pré-escola da CMEI Nossa Senhora de Fátima, em Curitiba, o computador fica em um dos cantos, tal como o da cozinha, da leitura e dos jogos. "A intenção é justamente diversificar a oferta de possibilidades", explica a professora Joseana de Almeida Fonseca Fontoura.

9 Ter acesso à internet é fundamental?

Embora não seja obrigatório, é difícil conceber um computador que não esteja conectado à rede mundial hoje em dia. Ela é uma ótima fonte de pesquisa e o acesso está cada vez mais fácil para a população. No mais, a interação virtual é um aspecto que deve ser apresentado às crianças e estimulado. É muito enriquecedor mostrar a possibilidae de buscar informação em lugares que muitas vezes estão longe de onde a criançada vive.

10 É válido usar programas para desenhar?

Sim, para que a turma conheça outra forma de criar desenhos. "Porém um equívoco muito comum é imprimir os trabalhos", diz Silvana Augusto, formadora do Avisa Lá. É um gasto denecessário de material e, transferindo a produção para o papel, o educador limita as possibilidades de uso da máquina. Por exemplo, propor que as crianças alterem o material para usá-lo em outros projetos.

11 A tecnologia desestimula a leitura de livros?

Não deveria, já que se tratam de suportes diferentes, tal como a televisão e o rádio, e um não substitui o outro. É importante compreender que é preciso lidar com todas elas. Enquanto no computador a leitura pode ser complementada com recursos audiovisuais usados de forma interativa, com o livro, fica mais ao cargo do leitor interpretar o texto.

12 A aprendizagem da escrita à mão fica prejudicada?

Não, porém é tarefa do educador garantir que o trabalho com lápis e papel e com letras móveis ocorram também. Naturalmente, muitos adultos hoje não escrevem à mão com a mesma frequência de antes e essa deve ser uma tendência entre os pequenos. Mas como há situações em que a escrita de próprio punho não pode ser substituída (por exemplo, quando as crianças estão em um estudo de campo e precisam fazer anotações), é fundamental garantir essa aprendizagem. “A criançada precisa aprender todas as possibilidades da escrita para que possa escolher qual é a mais adequada para usar em cada situação”, fala Silvana.

13 A troca mensagens eletrônicas deve ser estimulada?

Sim, porque é uma forma de comunicação real, tal como a carta. Porém, tem de ser uma atividade contextualizada (por exemplo, escrever um e-mail para indicar para os colegas de outra escola o livro que a turma leu recentemente, com a elaboração de uma resenha). O correio eletrônico também pode ser usado para contatar profissionais, como médicos e biólogos, que possam esclarecer dúvidas e ampliar conhecimentos da criançada.

http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/4-a-6-anos/10-perguntas-respostas-computadores-pre-escola-611908.shtml?page=12


Mapa das redes sociais no mundo






Trabalhando com Informática na Educação Infantil

Interessante texto sobre a Informática na Educação Infantil.
Do site: http://www.educacaoeciberespaco.net/blog/?p=1745



O cúmulo da cegueira é atingido quando antigas técnicas são declaradas culturais e impregnadas de valores, enquanto que as novas são denunciadas como bárbaras e contrárias à vida. Alguém que condena a informática não pensaria nunca em criticar a impressão e menos ainda a escrita. Isto porque a impressão e a escrita (que são técnicas!) o constituem em demasia para que ele pense em apontá-las como estrangeiras.(LÉVY, 1993, p.15)





Um dos maiores “burburinhos” no meio educacional é como proceder com a Informática na Educação Infantil. Alguns radicalmente contra, outros totalmente a favor e alguns nem contra nem a favor, ou seja, não há unanimidade quanto este uso. Mas um fato é que estes alunos estão vivenciando seu mundo e este mundo tem a Informática como algo fundamental na existência. E, sem contar, a própria curiosidade dessa faixa etária ao ver os pais, irmão, familiares e etc, trabalhando, se divertindo, comunicando com um PC ou um notebook. E eles querem participar, afinal, devem pensar “também sou filho de Deus”…

Mas como professores e escola devem proceder com tais máquinas e os pequenos? Abaixo um excerto de um texto em que sou co-ator com algumas dicas sobre o ato de pensar a Informática para a Educação Infantil.

Gallo (2002) aponta que em 1998 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil já trazem incentivo para o uso das tecnologias na educação:

“Ao reconhecer as crianças como seres íntegros, que aprendem a ser e conviver consigo próprias, com os demais e o meio ambiente de maneira articulada e gradual, as Propostas Pedagógicas das Instituições de Educação Infantil devem buscar a interação entre as diversas áreas de conhecimento e aspectos da vida cidadã, como conteúdos básicos para a constituição de conhecimentos e valores. Desta maneira, os conhecimentos sobre espaço, tempo, comunicação, expressão, a natureza e as pessoas devem estar articulados com os cuidados e a educação para a saúde, a sexualidade, a vida familiar e social, o meio ambiente, a cultura, as linguagens, o trabalho, o lazer, a ciência e a tecnologia (Parecer CEB022/98, MEC).”

Podemos entender que a Educação infantil, ao trabalhar com sujeitos em formação pode utilizar-se de recursos informatizados desde que articulados com uma proposta pedagógica sustentada pelo coletivo escolar. Desta forma, a informática não será vista como vitrine, como mero atrativo para pais e alunos.

Valéria Santos Paduan Silva (2000) descreve experiências no âmbito da educação infantil, enfocando o trabalho docente, em especial no tocante à formulação de projetos e sua implementação. Como exemplo de atividades que utilizam o computador foram citados trabalhos para desenvolver a relação espaço-temporal e o raciocínio lógico-matemático, desenvolver noções de espaço (direção, posição e disposição no espaço) e de tempo (ritmo, seqüência temporal, agora, antes, dia, noite, etc.), desenvolver a coordenação viso motora, identificar as formas geométricas, cores, seqüência numérica e seqüência lógica. Mas para isso tudo, deve-se escolher softwares que estejam de acordo com a proposta pedagógica.

Portanto, uma questão fundamental são os critérios para escolha do software (seja ele, tido como educacional ou não, já que muitos softwares que não compõe o universo dos chamados educacionais, podem, muito bem, servir para esse propósito. Sobre como escolher um software para educação leia “A avaliação de um software educacional tanto para a modalidade presencial quanto para EAD” clicando no link). Essa situação é primordial quando se fala em utilizar a informática na Educação, já que o apelo comercial e as inúmeras propostas de softwares “milagrosos” estão recheando o mercado e induzindo professores e pais a adquirirem essas “fabulosas máquinas de pensar”. O professor, seja de qual etapa do ensino (do infantil ao universitário) deve e precisa conhecer e ter critérios para a escolha do software de acordo com o grau dos seus alunos e com as propostas pedagógicas que ele destinou à sua atividade de ensino. Como exemplo, apresenta critérios interessantes para que possamos analisar softwares destinados à educação infantil. São eles:

a) O material fornece condições para as crianças expressarem suas idéias em: imagem, som, palavras e música;

b) O programa oferece ajuda sob a forma oral para a criança;

c) O programa oferece ajuda sob forma escrita para a criança;

d) O programa permite que a criança dê outras soluções para as questões que propõe, diferentes daquelas que apresentadas por ele;

e) O programa permite que a criança possa expressar-se através da escrita;

f) O programa permite que a criança possa comparar o que escreveu com a escrita convencional;

g) Os recursos multimídia do programa proporcionam contato com diferentes formas de escrita;

h) O programa permite que as atividades proposta sejam impressas;

i) As atividades impressas possibilitam situações de leitura e escrita.

E, em suas conclusões aponta que:

“Os programas analisados ficaram muito aquém do desejável para aquilo que buscamos como possibilidades de enriquecimento do universo infantil no que concerne à leitura e à escrita. Em sua esmagadora maioria, não atingiram o percentual mínimo para que pudessem ser enquadrados como possibilidades concretas de estímulo à formação de crianças leitoras e escritoras. Os exercícios, limitados à repetição de estratégias há muito utilizadas pelas cartilhas escolares, têm no suporte multimídia a ilusão da novidade e apostam nisso para que as crianças aprendam. (p. 102)”

Sendo assim, entende-se que a relação entre educação infantil e informática na educação deve seguir um projeto político pedagógico, ancorado na contextualização nos modos de vida de uma determinada região. Neste sentido, a escuta desta realidade, a proposição de atividades deve vir mediada em relação com professor e alunos. Os elementos de atração de um software (cor, movimento, som) não devem ser tratados como fundamentais, mas sim como componentes que irão se acoplar à proposta pedagógica da escola e do professor.

Outra questão primordial são os apelos utilizados para o marketing do software. Muitos prometem o que não podem cumprir e são vendidos como se fossem embasados em fundamentos construtivistas e, na verdade, não atingem os pressupostos básicos para serem chamados como tal.

Daí a necessidade da coerência pedagógica do professor somada a conhecimentos, pelo menos, superficiais de modelos de softwares e sua arquitetura, bem como seguir uma espécie de checklist que contenha critérios que são fundamentais e importantes para comporem o software que o professor deseja de acordo com suas necessidades e estratégias pedagógicas. Acima, apresentamos um exemplo de avaliação de software educacional, mas a lista pode ser acrescentada ou diminuída de quaisquer situações que sejam do agrado e de acordo com as estratégias do professor e da escola que se destina o software.

João da Silva Filho descreve perspectivas interessantes ao se pensar no uso de computadores na educação infantil:

1. a introdução das novas tecnologias no âmbito da educação infantil não descartará a figura do professor;
2. a introdução das novas tecnologias no âmbito da educação infantil implicará, sim, na necessidade de uma nova postura por parte do educador e na apropriação de novas habilidades por parte deste;
3. entre estas habilidades novas exigidas pela inserção destas tecnologias emergentes na educação infantil, destaca-se a capacidade de lidar com os equipamentos e os programas a nível prático-reflexivo, quer dizer, a nível do saber-fazer e do saber-saber (o que utilizar, como utilizar, quando utilizar, por que utilizar, etc.)
4. a existência de diferentes propostas educacionais para o trabalho educativo como “…ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens” (DUARTE, 1998, p.85) exige uma tomada de posição por parte dos educadores na hora de decidir de que maneira incorporar estas tecnologias emergentes em seu trabalho com as crianças pequenas;
5. há uma prática social contraditória que envolve as promessas de um projeto cultural de emancipação e cidadania, e esta contradição reflete-se nas possibilidades de se fazer uma educação coerente com a finalidade de produzir-se uma sociedade mais humana, mais democrática e mais solidária;
6. a introdução destas tecnologias na educação infantil, tanto como objeto de estudo quanto como ferramenta pedagógica, deve cumprir uma função primordial de socialização da cultura e de contribuição que ajude a superar as desigualdades sociais e os entraves a uma cidadania plena;
7. as propostas pedagógicas e as concepções ensino-aprendizagem que subjazem sob parte considerável dos softwares educativos para crianças pequenas ainda não incorporaram propostas mais modernas que levam em conta a importância da atividade e iniciativa da criança no processo de integrar-se a uma cultura e de constituir-se como sujeito;
8. muitos dos materiais disponíveis, principalmente programas(softwares), apresentam problemas de instalação, manipulação e uso, atrapalhando a incorporação dos mesmos no cotidiano da educação infantil;
9. em muitos programas para crianças pequenas ainda é possível identificar conteúdos que veiculam estereótipos violentos e discriminatórios em relação a gênero, raça, religião, costumes, etc. (1998, p. 8-9)

Além das questões que Silva Filho apresenta não podemos deixar de lado as características desses “novos tempos”. Hoje, a Informática faz parte da vida cotidiana de crianças a adultos, todos a utilizam de alguma forma, seja para o entretenimento quanto para o trabalho e os computadores estão presentes em todas as camadas da população, havendo, inclusive, um aumento significativo nas camadas populares. As últimas estatísticas do uso de computadores no Brasil mostram uma realidade em crescimento vigoroso do seu uso. Inclusive, o Brasil é campeão mundial em horas navegadas na Internet e os números não param por aí: somos 66,3 milhões de internautas segundo o Ibope Nielsen Online (em 12/2009), um aumento de 16% em relação a 2008. O Brasil é o 5º país com o maior número de conexões à Internet. Nas áreas urbanas, 44% da população está conectada web e de cada 3 escolas urbanas, 2 tem laboratórios conectados à Grande Rede com banda larga. 97% das empresas e 23,8% dos domicílios brasileiros são conectados.

Dessa forma, o computador começa a universalizar-se adentrando em todas as camadas da população e, assim, o processo educativo não pode se manter alheio a esse movimento. E, muito menos, a educação infantil pode ser desconhecedora dessa realidade. Uma parte considerável das crianças brasileiras mora em lares que tem acesso ao computador ou tem pessoas que o utilizam de alguma forma no seu cotidiano, tornando-se algo corriqueiro nas conversas e na lida do dia-a-dia e, além disso, não podemos fazer do laboratório de Informática da Escola o local onde mora “o bicho papão”, afinal, onde ele habita criança não entra…

Referências:

GALLO, Simone Andrea D’Ávila. Informática na educação infantil: tesouro ou ouro de tolo? 2000, in

LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência : o futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro : Ed. 34, 1993.

PADUAN, Valéria santos. Informática na Educação Repensando O Uso do Computador nas Escolas de Educação Infantil E Ensino Fundamental, 2002, in