- POR UMA LITERATURA INFANTIL BRASILEIRA
Os aspectos inovadores da literatura de Monteiro Lobato para crianças,
trata, em especial, da importância da fábula em suas produções e do modo como o escritor adaptou o gênero à recepção dos seus leitores. No caso de sua produção infantil, pois, como sabemos, no final do século XIX e nas primeiras décadas, a literatura brasileira destinada à infância era totalmente dependente da européia e, o que é mais relevante e problemático, responsável pela difusão de uma visão conservadora de seus receptores e absolutamente preocupada em veicular noções didáticas e pedagógicas, fossem elas ligadas a questões religiosas, morais, educacionais ou de civismo. Desde de muito tempo antes da publicação de seu primeiro livro voltado para o público infantil, Lobato já manifestava sua preocupação com as leituras destinadas às crianças, em correspondência a Godofredo Rangel, datada de 1916, o escritor relatava suas inquietações literárias, revelando um pensamento extremamente arrojado para a época: “Ando com várias idéias. Uma: vestir à nacional as velhas fábulas de Esopo e La Fontaine, tudo em prosa e mexendo nas moralidades. Coisa para crianças. Veio-me da atenção curiosa com que meus pequenos ouvem as fábulas que Purezinha lhes conta. Guardam-nas de memória e vão recontá-las aos amigos – sem, entretanto, prestarem nenhuma atenção à moralidade, como é natural. A moralidade nos fica no subconsciente para ir-se revelando mais tarde, à medida que progredimos em compreensão. Ora, um fabulário nosso, com bichos daqui em vez dos exóticos, se for feito com arte e talento dará coisa preciosa.” (Lobato, 1972, p.245-46) O autor desde cedo já expunha, precocemente, características do processo antropofágico, que seria mais tarde uma característica do modernismo brasileiro. Uma das adaptações lobatianas mais expressivas dos clássicos da literatura mundial foi Dom Quixote das Crianças, 1936). Além das adaptações para crianças dos clássicos, lobato com idéias inovadoras deu vida a sua obra literária de maior expressividade. Com a obra voltada para um público infantil lobato alcançou 23 títulos, porém dentre esses todos destaca-se os de maior representatividade que são:
trata, em especial, da importância da fábula em suas produções e do modo como o escritor adaptou o gênero à recepção dos seus leitores. No caso de sua produção infantil, pois, como sabemos, no final do século XIX e nas primeiras décadas, a literatura brasileira destinada à infância era totalmente dependente da européia e, o que é mais relevante e problemático, responsável pela difusão de uma visão conservadora de seus receptores e absolutamente preocupada em veicular noções didáticas e pedagógicas, fossem elas ligadas a questões religiosas, morais, educacionais ou de civismo. Desde de muito tempo antes da publicação de seu primeiro livro voltado para o público infantil, Lobato já manifestava sua preocupação com as leituras destinadas às crianças, em correspondência a Godofredo Rangel, datada de 1916, o escritor relatava suas inquietações literárias, revelando um pensamento extremamente arrojado para a época: “Ando com várias idéias. Uma: vestir à nacional as velhas fábulas de Esopo e La Fontaine, tudo em prosa e mexendo nas moralidades. Coisa para crianças. Veio-me da atenção curiosa com que meus pequenos ouvem as fábulas que Purezinha lhes conta. Guardam-nas de memória e vão recontá-las aos amigos – sem, entretanto, prestarem nenhuma atenção à moralidade, como é natural. A moralidade nos fica no subconsciente para ir-se revelando mais tarde, à medida que progredimos em compreensão. Ora, um fabulário nosso, com bichos daqui em vez dos exóticos, se for feito com arte e talento dará coisa preciosa.” (Lobato, 1972, p.245-46) O autor desde cedo já expunha, precocemente, características do processo antropofágico, que seria mais tarde uma característica do modernismo brasileiro. Uma das adaptações lobatianas mais expressivas dos clássicos da literatura mundial foi Dom Quixote das Crianças, 1936). Além das adaptações para crianças dos clássicos, lobato com idéias inovadoras deu vida a sua obra literária de maior expressividade. Com a obra voltada para um público infantil lobato alcançou 23 títulos, porém dentre esses todos destaca-se os de maior representatividade que são:
Histórias do Mundo para Crianças - História Geral
Emília no País da Gramática – Língua Portuguesa
Aritmética da Emília – Matemática
Geografia de Dona Benta – Geografia
Serões de Dona Benta – Ciências Física e Biológicas
Histórias das Invenções – Curiosidades sobre o mundo
Viagem ao céu – Astronomia
O poço do Visconde – Geologia
Nesses livros Lobato procurou tratar conteúdos didáticos de uma forma mais atraente e que fosse mais próxima de seu leitor. Pois segundo Lobato o que via nas escolas era uma uniformização dos cérebros, a forma como era tratada a leitura nas escolas o incomodava e segundo o autor, contribuía para um afastamento dos leitores das bibliotecas, segundo Lobato: “O menino aprende a ler na escola e lê em aula, à força, os horrorosos livros de leituras didáticas que os industriais do gênero impingem nos governos. Coisas soporíferas, leituras cívicas, fastidiosas patriotices. Tiradentes, bandeirantes, Henrique Dias, etc. Aprende assim a detestar a pátria, sinônimo de seca, e a considerar a leitura como um instrumento de suplício.” (Lobato, 1969, p. 84) Para conseguir a atração necessária para prender seu leitor, Lobato dispôs, assim, de sua grande obra O Sítio do Pica-pau Amarelo. O Sítio é um mundo independente, onde tudo acontece, os enredos se passam no sítio.Há algumas histórias se passam em outros lugares, porém o sítio é a unidade de lugar presente, de fato em todas as histórias. Seja como ponto de partida ou como cenário final das aventuras. O Sítio é descrito pela primeira vez em “O Saci” (1921). Segundo a apresentação de Regina Zyberman: “<...> è propriedade de Dona Benta Encerrabodes de Oliveira, que habita lá, na companhia de uma cozinheira, Tia Nastácia, e da neta. Nas férias, recebe a visita do neto Pedrinho, filho da filha mencionada algumas vezes, mas pessoa que deve residir na cidade, de onde provém o garoto. Ignora-se quem são os pais de Narizinho, mas ninguém se preocupa em perguntar por eles.” (Zyberman,2005, p. 27) O sítio é mais do que só um lugar ele revela uma proposta de mudança de Lobato para o pais. Assim expõe Regina Zyberman, acerca do sítio: “<...> ele deseja que o sítio mostre como o Brasil é (ou foi, nas primeiras décadas do século XX) – o predomínio da economia agrícola, a decadência do mundo rural, o atraso da mentalidade das pessoas que vivem no campo. De outro, o lugar expressa o que Lobato deseja para o Brasil inteiro, a saber, a possibilidade de modernização, crescimento e fortuna graças à exploração das riquezas minerais, em especial, do petróleo.” (Zyberman, 2005, p.28) Por meio do Sítio, Lobato trouxe a ótica infantil problemas de “gente grande” e proporcionou que “gente grande” podesse vercom outros olhos o nosso País e refletisse deveras brincando sobre problemas tão sérios.
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